O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu, nesta terça-feira (22), a projeção de crescimento da economia brasileira para 2% em 2025 e 2026, uma diminuição de 0,2 ponto percentual em relação à estimativa divulgada em janeiro. O economista Pablo Spyer traz os detalhes.
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NotíciasTranscrição
00:00Vamos aqui falar, por que não, do FMI, do famoso FMIU, claro, o Fundo Monetário Internacional,
00:06que reduziu as previsões de crescimento econômico global para esse ano,
00:10inclusive as projeções para o PIB aqui do nosso Brasilzão caíram 0,2 pontos percentuais.
00:16Parece pouco, eu sei, mas como a gente bem sabe, não é.
00:20E quem vai se juntar a nós para explicar isso da forma mais didática, acessível e precisa possível
00:24é o nosso economista aqui da Jovem Pan, Pablo Speyer, famoso writerinho.
00:28Fala, mestre, bom te ver.
00:31Claro que é uma projeção da FMI, instituição com respaldo internacional e tanto,
00:36mas você tende a concordar com esse diagnóstico que eles ofereceram
00:40ou está alarmista e pessimista demais?
00:45Olá, Marinho, muito bom estar aqui de novo.
00:47Obrigado por me ter, todo o público do Morning Show.
00:50Bom, o FMI tem o respaldo internacional, mas vale lembrar que eles são uma máquina de errar.
00:57Eles acham, eu nunca vi eles acertarem uma previsão de Brasil, sempre errando a previsão para menos.
01:03A gente está vivendo um momento de volatilidade de cenários.
01:07A previsão do FMI foi feita baseada na guerra comercial entre Estados Unidos e China,
01:13que vem escalando há vários dias, há várias semanas.
01:17Só que ontem teve um desescalamento dessa, desescalou a guerra.
01:24O Trump disse que vai ser bastante bonzinho nas negociações com a China,
01:29a Reuters soltou uma matéria dizendo que ele vai se encontrar com o presidente,
01:33com o líder da China, o Xi Jinping, no mês que vem.
01:37E tanto é que as bolsas estão disparando no mundo inteiro.
01:40As commodities voaram, as criptomoedas estão voando, as bolsas estão saltando.
01:47Então, existe um alívio por parte dos investidores para com a escalada da guerra comercial.
01:54E isso muda completamente o cenário.
01:56O FMI fez essa previsão de desaceleração global,
02:00de desaceleração dos Estados Unidos, de desaceleração do PIB da China,
02:05desaceleração do México, desaceleração da Alemanha, que é o carro-chefe da Europa,
02:09a desaceleração do PIB do Brasil, baseado na guerra comercial que estava muito forte.
02:16Dito isso, tem outra coisa também.
02:18Eu não sei se eles se atentaram a isso ou não,
02:22mas eu já venho falando aqui no Morning Show,
02:25caso a guerra...
02:26Porque, no final das contas, parece que o Trump quer um acordo comercial,
02:29não quer guerra comercial.
02:30Mas caso a guerra comercial continue e realmente a gente veja os efeitos que ela aconteça,
02:38se instaure fortes tarifas dos Estados Unidos contra a China,
02:43a China retalia e tá...
02:45Chegou no Finalmentes lá e finalmente, nós temos aqui,
02:48150% de tarifa para os Estados Unidos e a China retalia de volta.
02:54Então, o Brasil pode ser um dos beneficiados.
02:56Eu tenho dito isso aqui no Morning Show.
02:59As empresas de carne, as empresas de soja,
03:04as nossas exportações, a própria Embraer, a gente viu aí,
03:07as ações subiram um dia lá que a China recusou,
03:11cancelou o pedido de aviões da Boeing,
03:13a própria Airbus da França vai ter tarifas maiores do que o Brasil,
03:20no caso, vai ter o dobro de tarifas para vender nos Estados Unidos.
03:23Então, se a guerra comercial realmente acontecer
03:26e não se chegar a um acordo comercial grande,
03:29como eu acho que é o que o Trump quer,
03:31eu acho que o Brasil vai ser um dos grandes beneficiados do mundo.
03:34Então, não só o nosso agronegócio,
03:36a produção agrícola está muito forte,
03:38pode dar sustentação à economia,
03:41está dando nesse começo do ano
03:42e pode dar na segunda metade,
03:44mas essa desaceleração pode ser até menor,
03:48pode ser gradual.
03:49A gente está com o Banco Central
03:51que está tentando controlar a inflação de verdade.
03:54A gente viu aí duas altas na taxa de juros,
03:57deve subir os juros de novo na próxima reunião em maio.
04:00Então, eu tento discordar,
04:04acho que o PIB do Brasil pode surpreender para cima.
04:07O Brasil está em pleno emprego, não podemos esquecer.
04:10Tanto é que a inflação está pressionada para cima
04:12por conta disso também.
04:13E o FMI erra o tempo todo.
04:18Eita, é muito bem colocado, Pablo,
04:20mas é isso.
04:21Cada vez mais o Brasil dependente
04:22da pujança do nosso agronegócio, né, mano?
04:25Indústria completamente decrépita,
04:27quase inexistente, tragicamente.
04:29Setores da nova economia, então,
04:30nenhuma relevância global.
04:32E o agro segue puxando a carroça brasileira em frente.
04:35Não dá para a gente subestimar isso jamais, não é por aí?
04:37Pois é, eu posso fazer uma pergunta para o Torinho?
04:40É.
04:40Nesse contexto, Torinho, eu sei que o FMI tem errado bastante as projeções,
04:45mas não deixa de ser um player que serve de referência
04:49para investidores internacionais que vão tomar uma decisão
04:53de onde alocar os seus recursos, né?
04:55Nesse sentido, você acha que pode ser negativo para o Brasil
04:59em termos de atração de investimentos internacionais?
05:03E caso sim, como que a gente deveria tentar agir
05:06para modificar essa impressão internacional
05:10a respeito das condições de crescimento da nossa economia
05:13para, assim, atrairmos investimentos estrangeiros?
05:18Eu acho assim, Manu,
05:20eles fizeram uma redução de estimativa de crescimento
05:24de PIB global, né?
05:26O México está sofrendo mais do que a gente, tá?
05:29Eles apostam que vai encolher 0,3,
05:30estrangeiro que já tinha encolhido 1,7, né?
05:33Que os grandes, quem vai sofrer mais nessa guerra comercial
05:37é Canadá e México.
05:38São os dois grandes machucados aí dessa história toda.
05:42Eu acho que, assim, como eles reduziram todo mundo,
05:45então todo mundo está apanhando nessa nova previsão do FMI.
05:50Mas, de qualquer maneira,
05:52o que a gente tem que fazer é fazer a nossa lição de casa.
05:54A gente tem que ter o equilíbrio fiscal, né?
05:57Focar no controle das contas públicas.
05:59A gente talvez tenha que seguir o exemplo lá do Milley.
06:02O Milley está dando show, está fazendo uma gestão,
06:05está fazendo um milagre econômico na Argentina, né?
06:08Com o controle das contas públicas, né?
06:11Com o superávit da balança,
06:14fez aquela banda cambial agora, né?
06:17Todo mundo achou que o dólar ia disparar,
06:19pelo contrário, o peso que se valorizou.
06:21Ele montou tudo o que era necessário,
06:23fez o arcabouço das medidas necessárias
06:26para atrair investimento e está entrando investimento pesado nos Estados Unidos.
06:30Está fazendo uma medida lá,
06:32o que está sendo chamado de chuva de dólares lá na Argentina agora, né?
06:36O Caputo lá, o ministro da Economia,
06:38considerado o melhor ministro da Economia do mundo,
06:40atraindo 800 bilhões de dólares agora lá para a Argentina.
06:46Os Estados Unidos, o governo Trump,
06:48disse que se precisar, por causa dos choques econômicos,
06:50vai liberar uma linha de crédito para a Argentina cambial, né?
06:54Linha de dólares.
06:55Então, eles estão fazendo a lição de casa perfeitamente.
06:57O que a gente tinha que fazer é a nossa lição de casa,
07:00para que a gente faça o jardim,
07:02para que as borboletas venham,
07:03para que pousem os investidores aqui
07:05e injetem dinheiro na nossa economia,
07:09com investimentos de longo prazo, né?
07:11Eu lembro que ele estava conversando até o PP outro dia,
07:14ele falou, não, mas a Embraer,
07:15se ela for beneficiada, não tem como fazer os aviões.
07:19É verdade, mas a gente pode receber investimentos pesados
07:24para fazer a Embraer crescer
07:25e para daqui a seis, sete anos,
07:27investimentos de longo prazo,
07:29ela possa realmente alimentar o mundo
07:31com o dobro de aeronaves do que faz hoje.
07:33E isso a gente poderia tentar fazer em todas as empresas.
07:36A gente precisa fazer a lição de casa,
07:38arrumar a nossa casa para que os investimentos venham.
07:41É o que a gente sempre diz aqui,
07:43meu caro Pablo Sparro,
07:44o Brasil é grande demais,
07:45forte demais para se conformar em ser tão pequeno
07:47e eu peço a você aqui,
07:50encarecidamente,
07:51porque esse teu otimismo é muito contagiante,
07:53inclusive,
07:53para que você nunca mude isso
07:54e a gente espera que você esteja certo,
07:56pelo menos em relação a nós aqui.
07:58Brasil vai se dar bem,
07:59nós vamos melhorar.
08:00Amém.
08:01Valeu, Pablão, obrigado.
08:02Vai, Trorinho.
08:03Aqui...
08:03É isso aí, Tô.
08:04E quem quiser me seguir,
08:05arroba Pablo Sparro,
08:07arroba Pablo S-P-Y-R.
08:11Informação quentinha de economia o tempo todo.
08:13Boa.
08:14Sensacional.
08:14Siga o homem aí que...
08:16O cara é diferenciado.
08:17A gente segue a gente aqui com o Morning Show.
08:18Quero repercutir com você,
08:19Jesse Peixoto.
08:20Claro,
08:20a gente está vendo aí esse momento de fechamento de economia,
08:23de desglobalização.
08:25Aí vem o FMI,
08:26que tão mal falado,
08:27FMI há tantas décadas,
08:29muita gente dizendo que é o maior agiota do mundo e tal,
08:31realmente dizendo que o PIB global vai crescer menos que filhote de Lulu da Pomerânia.
08:36Você concorda com esse diagnóstico?
08:38Acho que o diagnóstico pode estar certo.
08:40Talvez não a margem que o diagnóstico foi dado, né?
08:44Mas no final do dia,
08:45quando a gente olha para a economia global,
08:48eu não compartilho do entusiasmo, doutorinho.
08:53Principalmente quando a gente olha para o cenário brasileiro.
08:55E por quê?
08:56Porque, embora nesse primeiro momento o Brasil não pareça afetado pelas tarifas,
09:00nós temos um presidente da república que gosta de dar declarações
09:04e ele gosta muitas vezes de defender seus aliados,
09:09falar de maneira enfática.
09:11E nesse caso eu acho que na sombra de dúvidas
09:12que o nosso alinhamento é maior com a China
09:15e disparadamente maior com a China.
09:18E tanto é que o presidente em breve estará lá.
09:21E aqui eu tenho um pouco de medo.
09:23Hoje mesmo ele estava numa coletiva com o presidente do Chile
09:27e ele mencionou, eu me surpreendi,
09:29o Mano também deve ficar surpreso,
09:30porque ele mencionou e o liberalismo,
09:33e a globalização,
09:36o livre mercado.
09:37Então eu vi o presidente Lula defendendo um livre mercado,
09:41criticando o Donald Trump,
09:43presidente dos Estados Unidos,
09:44que costuma ter esse papel de, vamos,
09:46o mundo livre se organizar comercialmente.
09:49e existe essa inversão.
09:51Então essas críticas, em dado momento,
09:53meu medo é essa crítica ser ácida,
09:55essa crítica chegar ao presidente dos Estados Unidos
09:57e de repente as nossas tarifas subirem abruptamente,
10:02porque o presidente dos Estados Unidos
10:03não está tendo também esse cuidado,
10:05ele está aí,
10:05tarifa para quem quer tarifa,
10:07brincando de dar tarifa para todo mundo.
10:09É o Lulinha da Faria Lima.
10:11O Lula da Faria Lima.
10:13É isso?
10:13É só da boca para fora,
10:15porque quando você olha as medidas do governo,
10:17criticou o protecionismo,
10:20há taxa nova sobre importação de painéis solares,
10:24por exemplo,
10:24há taxa nova sobre carros elétricos,
10:27ou seja,
10:28está havendo bastante...
10:30Mais sustentável.
10:31...de medidas protecionistas,
10:33sob, enfim,
10:34argumentos que parecem muito com os argumentos do Trump.
10:37Então, acaba sendo muito mais uma tentativa
10:39de se diferenciar retoricamente
10:42do que na prática.
10:43Na prática,
10:44o protecionismo está dos dois lados.
10:46Eu odeio o protecionismo dos outros.
10:52Exatamente.
10:53Exatamente.
10:53Muito bem colocado.