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Parte do capítulo 1 da novela A Próxima Vítima

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Transcrição
00:00...está no jornal.
00:01Mas é que estava doendo muito, Filó.
00:03A bala ficou lá dentro.
00:05Que morresse aquele inútil.
00:08Devia ter chamado o doutor Capos, como eu fiz.
00:10É médico da família, não ia registrar ocorrência.
00:14É que foi tudo tão depressa.
00:16Olha, nem me passou pela cabeça.
00:19Não passou pela sua cabeça, porque você também é um inútil.
00:23Filó, por licença, é que o médico deu um sedativo para a Tisca e já está indo embora.
00:28Eu vou falar com ele.
00:30Eliseu, você viu Isabela?
00:35Desde a hora daquele maldito tiro que eu não ponho o olho em cima da minha filha?
00:39Ela ficou no pronto-socorro com o Marcelo.
00:42O quê? O quê?
00:44Você deixou minha filha sozinha com aquele monstro?
00:46Mas, Eliseu, onde é que... Mas só me faltava essa.
00:49Onde é que fica esse pronto-socorro? Onde é que fica o Alfredo?
00:51Oh, meu Deus, Alfredo!
00:54Aconteceu mais alguma coisa, Carmela?
00:56O Eliseu, o Eliseu deixou a minha menina sozinha com Marcelão para um socorro.
01:00Eu não quero a menina perto dele.
01:02Desculpe, doutor Carlos.
01:03Eu já estou indo.
01:04Dona Filomena, siga as minhas instruções.
01:06E, por favor, não deixe que os dois se encontrem enquanto Francesca estiver nervosa desse jeito.
01:12Só vai prejudicá-la.
01:13Pode deixar, doutor. Eu sei o que eu vou fazer.
01:15Até logo, irmã Filomena.
01:16Muito obrigada.
01:17Alfredo!
01:19Chamou?
01:20Chamei. Chamei. Claro que chamei. Que demora é essa?
01:23Vá ao meu quarto.
01:24Sobre minha cúmula está a minha bolsa.
01:25Apanha. Eu vou sair.
01:26Sim, senhora.
01:28Volta para a cozinha, Alfredo.
01:30Não vai pegar bolsa nenhuma.
01:31Mas eu já disse. Eu não quero a menina perto dele.
01:34Então sobe você no quarto, que eu permito que você ocupe nessa casa,
01:39e pega a sua bolsa.
01:40E para de ficar gritando pelo meio da casa que nós não estamos em nenhum mercado de peixe.
01:45Volta para a cozinha, Alfredo. Presta.
01:47Sim, senhora.
01:51Sem jeito de você falar comigo na frente do empregado?
01:55Alfredo não é só um empregado.
01:58É o empregado meu que eu pago para me servir.
02:01Não para ficar correndo atrás da sua bolsa.
02:04Você gosta de me humilhar, não é, Filo?
02:06Não, senhora.
02:08Eu só detesto quem não sabe qual é o seu lugar.
02:12Você não está mais morando naquele palacete do Morubi?
02:15Que o caçadote do homem com quem você se casou,
02:17vendeu junto com tudo que o babo e a mamãe deixaram para você.
02:21Se aquele homem te deixou na miséria...
02:23Miséria.
02:23Não é justo.
02:24Não, deixou na miséria.
02:25Ele me deixou na miséria, sim.
02:27Mas ele me deu a única coisa que você jamais poderá ter.
02:31Uma filha.
02:32Então levanta as mãos para o céu.
02:37Porque se não fosse pela Isabela, você não ficaria aqui dentro dessa casa.
02:44Filhinha, ô meu bem, querida.
02:46A mãe estava tão preocupada com você, querida.
02:48Que isso?
02:49Foi o Tia Liselio que pediu para eu ficar lá no hospital com o Marcelo.
02:52O que eu quis fazer?
02:53É o inútil.
02:54Sozinha, não.
02:56O seu Marcelo não está.
02:59Quem deseja falar com ele?
03:01Sou eu, Juca, Alfredo.
03:02Como é que você vai?
03:03É o Juca.
03:04Aquele irmão de criação do seu Marcelo.
03:06Não conta nada para esse pessoal do mercado.
03:08Fala que ele saiu e só.
03:11Sei, sei, sei, sei.
03:13Faz um favor para mim.
03:15Quando ele chegar, anota aí.
03:17Deixa um recado para ele.
03:18Para ele telefonar para a casa da Tia Nina.
03:20Isso.
03:21Isso, é.
03:22Obrigado, hein?
03:23Pronto.
03:23Não está lá.
03:25Não, saiu.
03:25Mas saiu aonde, meu Deus?
03:27Que ele nunca ia deixar de faltar.
03:28No jantar com a Karina no dia do aniversário dela.
03:30Calma, me faz um favor.
03:31Não fica assim, não.
03:32Não aconteceu nada com ele.
03:33Como que saiu com a mulher dele?
03:34Com a mulher, meu Deus do céu.
03:36Ai, desculpa.
03:37Desculpa, dona Nina.
03:38Desculpa eu estar dando esse trabalho.
03:39Mas é que eu não quero que as crianças fiquem preocupadas.
03:43É, amanhã cedo eles voltam para Bauru, lá para o colégio.
03:45A Karina levo eu mais tarde para o colégio lá dela, em Campinas.
03:48Eu não devia falar nada.
03:51Mas eu não quero continuar com isso entalado aqui, viu?
03:54Eu acho um absurdo do tamanho de um bonde.
03:56Você não me contar para eles que o pai é casado com outra.
03:59Pronto, falei.
04:00Não, a senhora está certa.
04:01É que eu ia deixar para explicar para as crianças.
04:04Quando a nossa vida tivesse resolvida, mas eu fui adiando, adiando.
04:07O Marcelo não se separa.
04:09Cada hora é uma coisa.
04:10E eu agora não sei o que eu vou falar para as crianças.
04:12Quer sacrifício maior do que ficar longe deles?
04:14Eles estudando lá no interior?
04:16É muito duro, muito duro viver longe das crianças.
04:19Muito duro.
04:19A senhora está todo homem, de barba na cara.
04:21A menina já é mocinha.
04:23E depois a mocidade de hoje, com 16 anos, conhece mais coisa que a gente com 50.
04:28Mas até quando vai conseguir enganar a Ana?
04:31Eu não sei, dona Nina.
04:32Ai, eu não sei.
04:35É que eu morro de vergonha de dizer para as crianças que eu sou só amante do pai deles.
04:41É isso?
04:43É que vida, não?
04:45É, dona Nina, mas que vida.
04:48Bem, eu estou indo.
04:48Obrigada, dona Nina.
04:49Desculpa, tá?
04:50Eu vou conseguir.
04:50Juca, obrigada.
04:51Me desculpa, dona Nina.
04:53Boa noite para vocês.
04:55Boa noite.
04:56Tchau.
04:56Mas vai me entender uma coisa dessa.
05:05Acorda, bebinho, acorda, vai lá pra cima.
05:08Puxa.
05:09Aproveita, vai dormindo bem bom, que quando o sebole acha chegar, acabou sua mamata.
05:14Mas ele não está em nome.
05:15Não, não, vai.
05:16Vai, vai, vai.
05:18Vai, vai, vai, vai.
05:48Claro que tenho.
05:49Meu tio trabalha na delegacia, viu a ocorrência.
05:51O tiro pegou no ombro, mas parece que o seu Marcelo já está fora de perigo.
05:54Meu, sim que foi a esposa dele que atinou.
05:57Ó, doidona, né?
05:58Ô, Marco, cuca, você fica de bate-papo, aí está faltando maçã na banca, pô.
06:02Vamos lá.
06:03Meu, você não sabe o que aconteceu.
06:05Meu Deus, um tiro.
06:07Pegou no ombro, mas está fora de perigo.
06:08Ah, meu Deus, eu preciso ir pra lá.
06:10Você não pode ir até lá.
06:11Eu tenho que ir no hospital.
06:12Mas é claro que você não pode ir até lá.
06:13Mas como que eu não posso ir até lá?
06:15Olha, pegou no ombro, está fora de perigo, já te falei.
06:17Vem cá me dar um tiro no Marcelo, eu tenho que ir lá.
06:19É por minha culpa, meu Deus.
06:21Mãe, o que está acontecendo?
06:32Desculpe ter tirado vocês de casa tão cedo.
06:35Mas eu preciso de uma resposta antes que meu cunhado volte do hospital.
06:39Vocês são nossos advogados há muito tempo.
06:41Tenho uma larga experiência.
06:43Não vão precisar de muita pesquisa pra me responder.
06:46Evidentemente, eu não preciso dizer que tudo que for dito aqui é estritamente confidencial.
06:51O Marcelo não deve saber de nada, pelo menos por enquanto.
06:55Eliseu, fica na porta, não deixa ninguém entrar, que eu não quero ser interrompida sob hipótese alguma.
07:00Se precisar de mim, é só chamar.
07:04Eu quero saber quais são os direitos do Marcelo como marido da minha irmã,
07:08como empregado do frigorífico e como meu sócio nos restaurantes.
07:12Quero que os senhores arrumem um jeito legal
07:15de lhe receber o mínimo possível em caso de litígio.
07:21Na verdade, o ideal seria que ele não recebesse nada.
07:26Mas milagres os senhores não fazem.
07:29Socorro, né, mãe? Eu não sou nem idiota.
07:31Eu ouvi falar de tiro. O que aconteceu com o babo?
07:33Meu Deus, o que aconteceu com o babo?
07:35O que aconteceu com o babo?
07:36Carina, eu vou explicar pra você.
07:37Tua mãe não tá querendo assustar você.
07:39Vocês querem parar de me tratar como se eu fosse uma débil mental?
07:42Não, não é isso não, filhinho.
07:43Não, deixa eu explicar.
07:44Vou explicar. Calma.
07:45É que a gente não tem certeza, mas parece, parece que o seu pai foi assaltado.
07:50Assaltado?
07:50Calma. Assaltado.
07:52Acontece que ele reagiu e parece também que ele levou um tiro no ombro.
07:56É isso.
07:57O que é isso?
07:57O Juca, para de assustar a boneca.
08:01Papo!
08:01Tá com machucadinho aqui.
08:03Você não lembra, Alfredo?
08:08Alfredo, como é que não lembra?
08:09É esse, Alfredo. É esse.
08:11Como é que eu posso lembrar, seu Eliseu?
08:13Eu não estava aqui. Era meu dia de folga.
08:15Não, mas é esse, hein? É esse.
08:18Alfredo, você me faz um favor?
08:19Avisa, dona Filomena, que depois do banco eu vou direto ao escritório.
08:22Eu tenho que estar no banco daqui dez minutos, tá?
08:25É só você.
08:26Mas é claro que esse é o Paulo Soares.
08:28Ele veio aqui, queria falar com a dona Francesca.
08:30Estão achando que não foi atropelamento por acidente.
08:37Estão dizendo aqui que foi crime.
08:40Atropelamento de propósito.
08:41Posso ver?
08:43Ah, esse.
08:46Gente, eu conheço esse cara.
08:49Ele esteve lá no frigorífico.
08:51Ele queria falar com a dona Francesca de qualquer jeito.
08:53Tem certeza?
08:54Hum, é claro que eu tenho, mãe.
08:56Eu estava chegando de moto aí na frente da garagem.
08:58Aí o Damião falou que esse cara já estava não sei quanto tempo esperando o papai.
09:01Perguntou se eu conhecia ele.
09:03Eu olhei pra ele primeiro assim, meio de longe.
09:04Podia estar nesses caras da favela aí de baixo?
09:06Não sei.
09:06Mas não era, não.
09:07Ele estava bem vestido.
09:09Aí eu fui perguntar o que ele queria.
09:11Ele disse que era muito importante, mas que só podia falar com o papai.
09:14Eu disse que o papai podia estar no escritório, no fórum, que ia demorar pra chegar em casa.
09:17Ele disse que não, que já tinha tentado falar com ele no escritório, que não tinha conseguido, mas queria tentar o fórum.
09:22Quando é que isso aconteceu?
09:23Antes de ontem?
09:24Então, antes de ontem.
09:26Não foi no mesmo dia que ele morreu?
09:27Foi.
09:31E seu pai, sabe disso?
09:33Eu acho que não.
09:33Eu vi isso no jornal agora.
09:34Você fala pra ele, né, mãe?
09:35Ele deve conhecer o cara.
09:37Bom, eu pego nessa.
09:38Eu tenho uma aula de direito criminal hoje, que o maior cobrão.
09:41Você pode aproveitar bastante.
09:42Pode deixar.
09:43Você sabe, né?
09:44Eu me amarro de direito criminal.
09:45Tchau.