• há 7 anos
O Estado fronteiriço brasileiro de Roraima tem assistido a um afluxo crescente de venezuelanos, que tentam escapar de uma das piores crises da história do seu país de origem. Segundo dados da Polícia Federal, nos seis primeiros meses de 2017, mais venezuelanos pediram refúgio no Brasil, do que nos cinco anos anteriores. Mas, nas ruas de Boa Vista, capital de Roraima, muitos deparam-se com uma dura realidade.

Leudi Medina é uma jovem venezuelana de 19 anos, que chegou ao Brasil com a mãe há poucos meses: “Não tratam bem os venezuelanos. Nós não roubamos ninguém, trabalhamos de forma honesta. Não estamos aqui porque queremos, mas por necessidade, porque senão continuaríamos no nosso país, que tanto amamos.”

A grande maioria dos migrantes entra pela fronteira norte de Roraima. Segundo números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, cerca de 13.000 venezuelanos pediram refúgio no Brasil até ao fim de julho, mas estima-se que outros 30.000 vivam no país de forma irregular, com trabalhos precários ou desempregados e com dificuldade para encontrar comida e outros bens de primeira necessidade.

“Tinhamos todas as comodidades na Venezuela e tivemos de deixar tudo para trás, devido à repressão e tudo o resto. Na Venezuela, já nada funciona”, afirma uma refugiada num centro de acolhimento dirigido pela ONG católica Fraternidade em Boa Vista, que acolhe nomadamente membros de comunidade indígenas.

Irmã Clara, uma das responsáveis da ONG, explica: “Dizem-nos que a Venezuela está à beira de uma guerra civil. Se isso se concretizar, muitos [mais] virão para cá.”

O alastramento da crise humanitária venezuelana para o Brasil não é novidade: já em abril, a ONG Human Rights Watch destacava o problema, acusando Caracas de o “negar e não enfrentar adequadamente”.

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